A DECADÊNCIA DO FUTEBOL PERNAMBUCANO
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A DECADÊNCIA DO FUTEBOL PERNAMBUCANO


Arena de Pernambuco: de símbolo de um futuro a elefante branco (jc.ne10.uol)

Há anos atrás, o futebol pernambucano era um dos mais respeitados do país, com uma rara chance de ter três equipes grandes em uma capital. Onde outrora temos, sequencialmente, um vice-campeonato alvirrubro, uma grande campanha tricolor na década de 70 e uma Copa do Brasil rubro-negra em 2008, hoje temos um cenário de plena e franca decadência. Neste texto, tento trazer o que acho que são os motivos de tamanha derrocada, e começamos com a foto acima: A Arena de Pernambuco, que já teve naming rights, que são o direito de uma empresa ter o nome no estádio, mediante pagamento; hoje é sustentada com dinheiro público e poucos jogos importantes. Quando soubemos que Recife seria uma das sedes, imaginou-se uma reforma em um dos três estádios da capital, mas o que vimos foi um projeto urbanístico de revitalização... longe de todos. O que estava previsto não saiu do papel, somente o estádio e a estação de metrô de Cosme e Damião (que, curiosamente, não chega até o estádio, onde temos que pegar um ônibus para chegar). Com isso, o dinheiro exorbitante gasto, atraiu a possibilidade de o Náutico ter um estádio moderno, mas mal localizado. Não deu outra: péssima média de público e afastamento da torcida, que viu o equipamento esportivo como a causadora da má fase Timbu. Se não for algo exotérico, somente após o Náutico voltar aos Aflitos foi que a sua situação esportiva melhorou, mesmo que em médio prazo. Mas, obviamente, um estádio não tem a culpa de tudo.


Domingo à tarde, no Arruda, com Todos com a Nota: certeza de grandes públicos (jc.ne10.uol)

Um dos melhores estaduais do país era o Pernambucano: tinham grandes jogos, e mesmo os médios jogos com presença forte da torcida, com o programa Todos com a Nota, que formou uma geração de torcedores do interior, como eu, que acompanhávamos os jogos pertinho de casa. Hoje, temos um estadual defasado, atrasado e sem atratividade nenhuma, fora a fase final (e olha que dependendo dos times, somente a final). Com um estadual forte, os times que o jogam ficam fortes ou ficam pelo caminho, como o poderoso Campeonato Paulista, que anabolizou os clubes grandes de SP e melhorou o caixa dos clubes médios e pequenos. Hoje, temos times desistindo de jogar torneios e clubes à mingua, como o Central e o Porto, que estão na (fraca) segunda divisão estadual. O começo, pra mim, foi o enfraquecimento dos clubes pequenos, que fez os estaduais serem protocolares e sem motivo.


Torcedor do Sport chorando: quem mais sofre, não é quem manda no clube (jc.ne10.uol)

E o enfraquecimento do estadual levou, como esperado, a montagem de elencos limitados no início da temporada no trio de ferro recifense. O Sport, mesmo com a perca do dinheiro do Clube dos 13, ainda é o clube mais rico do estado. O problema é como usar esta grana: de alguns anos para cá, o Sport é uma sombra do que foi nos anos 90 e 2000. Com contratações duvidosas e medalhões que não tinham identificação com o clube, o clube transita entre a Série A e B, e quando joga na elite, na maioria das vezes é para não cair. As últimas administrações na Ilha do Retiro não equilibraram o poder financeiro com montagem de elencos competitivos, fazendo com que os problemas extracampo conturbassem demais o ambiente dentro das quatro linhas. Hoje, o torcedor leonino não sabe bem o futuro, mas sabe que será com perrengue e agonia.


De tantas decepções, o alvirrubro ainda vislumbra algo (blogdosergioleandro.com.br)

O Náutico passou por altos e baixos nas últimas temporadas. De chegar a não jogar Copa do Nordeste e nem Copa do Brasil, junto com um rebaixamento traumático para a Série C; o torcedor alvirrubro passou por dois títulos estaduais, um título nacional (mesmo que sendo meio ignorada pela torcida, com a Terceirona) e a volta para os Aflitos, foram momentos dignos de montanha-russa. Hoje, o Náutico ficou mais forte no quesito administrativo, mas até alguns anos atrás, tínhamos o “Clube do Whisky” que mandava no clube da Rosa e Silva, e trouxe dívidas e processos trabalhistas que a atual gestão tenta resolver, mesmo que com austeridade financeira. Pelo menos quem veste vermelho e branco tem algo para se segurar e confiar, mesmo que a frase “nadar e morrer na praia” apareça nos pesadelos.


De tão comum, a imagem acima não precisa nem de descrição (istoe.com)

Talvez, a pior situação dentre os três grandes (ou seriam dois...?) de PE: O Santa Cruz hoje figura na Série D, de volta após chegar à Série A e ter jogado a Copa Sul-americana, eliminando o seu grande rival. Certamente, o torcedor tricolor em 2016 esperava que o clube fincasse sua bandeira de volta entre os grandes clubes brasileiros, mas o que viu foi uma repetição da década de 2000, que foi um terror pros lados do Arruda, com administrações amadoras e desempenhos pífios diante da torcida, que aliás é o maior patrimônio das Repúblicas Independentes do Tri-Super Campeão. Quem veste a camisa do Santa é comumente tratado com chacota e desdém pelos torcedores rivais, mesmo que a situação dos outros não esteja muito longe entre eles. Se o torcedor do Mais Querido pode fiar sua esperança em algo, deve ser em reestruturar o clube como um todo, porque o Santa Cruz possui um sistema de administração arcaico e que deixa o Time do Povo anos-luz atrás dos seus coirmãos de Recife.


Um campeonato forte faz clubes fortes (paulista.pe.gov.br)

Obviamente, os clubes podem sair dessa. Algumas pistas de que isto pode acontecer são a utilização de diretores de futebol profissionais e melhoria nas estruturas dos clubes locais, além do surgimento de mais um player no estado: O Retrô FC, que tem um CT muito bom para um clube recém-formado, e já disputou Copa do Brasil, em um jogo contra o Corinthians. O futebol de Pernambuco tem tudo para voltar à, no mínimo, sem mais competitivo a nível nacional. O futebol do Ceará faz isso magistralmente, é só copiar o exemplo dos clubes alencarinos que podemos ter um futebol mais atrativo para todos, de quem torce a quem vive dele.


O texto acima é de opinião do nosso colunista Idelfonso Beltrão, e não reflete o pensamento do blog O Povo Vitória.

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