top of page
Post: Blog2 Post

A GRANDE SECA NO SERTÃO 1877

A Grande seca no nordeste Brasileiro 1877-1879, foi o mais devastador fenômeno de seca da história do Brasil. ocorrido no período do Brasil Império, a calamidade foi responsável pela morte de entre 400.000 e 500.000 pessoas, de um total de 800.000 pessoas que viviam na área afetada na região nordeste; em torno de 120.000 migraram para a amazônia, enquanto 68.000 migraram para outras partes do Brasil. A região mais afetada foi a Província "na época" do Ceará. foram três anos seguidos sem chuvas, sem colheita, sem plantio, com perda de rebanhos e com fuga de famílias, deixando despovoado o sertão. Tanto esse fenômeno como os anteriores e posteriores estão associados ao fenômeno El Niño (um tema para outro artigo) e suas interferências diretas no clima dessa e de outras regiões do planeta.




El Niño


El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no Oceano Pacífico Tropical. Altera o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.

Derivada do espanhol, a palavra "El Niño" refere-se à presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru, na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de corrente El Niño, em referência ao Niño Jesus (Menino Jesus), isso pelo fato de que a ocorrência da ressurgência proporciona o acréscimo de peixe na superfície marítima.

O El Niño interfere diretamente nas condições climáticas de determinadas regiões brasileiras, no Brasil a variação no volume de chuvas e/ou outras mudanças depende de cada região e da intensidade do fenômeno. Na região sudeste há o aumento da temperatura média. Na região Sul aumento da temperatura média e da precipitação, principalmente na primavera e no período entre maio e julho. já nas regiões Norte e Nordeste ocorre diminuição de chuvas causando secas no sertão nordestino e incêndios florestais na amazônia. Historicamente no Nordeste os registros de mudanças climáticas mostram-se ora mais brandos, ora mais criticos - Não sendo estabelecido um padrão.


A população de certo modo foi pega de surpresa, já que a última grande seca ocorrida nas 'províncias do Norte' havia sido há mais de 30 anos, entre 1844 e 1845. Nessa época, nada ou pouco pôde ser feito para amenizar suas consequências pela falta de recursos da engenharia. Na seca de 1877, até as famílias abastadas partiram em busca de refúgio junto a parentes que habitavam as serras e o litoral. Os adultos iam montados nos cavalos seguidos pelos carros e bois cheios de mulheres, crianças e bagagens, tendo na retaguarda os vaqueiros e os ajudantes conduzindo o que restara do gado. Os pobres seguiam a pé, na poeira das estradas, os adultos levando as crianças menores, puxando o que restava do rebanho de cabras ou vacas, o cachorro de estimação atrás. Esses eram chamados de retirantes ou flagelados, que eram perseguidos e expulsos quando estacionavam nas vizinhanças de um povoado.

Os moradores temiam os saques nos comércios e armazéns, como rotineiramente acontecia. As cidades, além dos vales férteis, ficavam apinhadas de flagelados. Aracati, que contava com cinco mil habitantes, passou a abrigar mais de 60 mil pessoas. Fortaleza converteu-se na capital do desespero: de 21 mil habitantes pelo censo de 1872, passou a ter 130 mil. Muitos dos retirantes morriam nas veredas e estradas. Os que alcançavam os centros urbanos chegavam à beira do colapso e impressionavam pela desnutrição.

A economia provincial, já abalada pela crise do algodão, quase acaba de vez. Escravos são vendidos para o sudeste; os rebanhos, salvo algumas cabeças conduzidas pelos retirantes, eram dizimados pela ação das zoonoses, furtos, extravios, fome e sede. A flora e fauna praticamente desaparecem; as lavouras exterminadas. Para agravar o quadro de tragédia, um surto de varíola dizima milhares de pessoas. Mulheres se prostituem em troca de comida, multiplicam-se os casos de roubo, furto e estupros.

Na seca de 1877, o Ceará – a região mais afetada das províncias do Norte – perdeu o equivalente a um terço de sua população: estima-se que 200 mil pessoas morreram e outras migraram para outras regiões.


Consequências da Seca