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Foto do escritorO Povo Vitória

Alta dos Juros no Brasil Contraria Tendência Global de Redução nas Principais Economias

Enquanto grandes economias mundiais, como os Estados Unidos e países da Europa, iniciam um ciclo de redução das taxas de juros, o Brasil parece seguir em sentido contrário. Economistas alertam que o Banco Central (BC) deve promover um novo aumento da Selic nas próximas semanas, com o objetivo de conter a inflação que ameaça ultrapassar o teto da meta.


Desde maio, a taxa básica de juros do Brasil está em 10,5%, e o mercado já prevê uma nova alta para cerca de 12% até o fim deste ano. Para alguns especialistas, a Selic pode se manter em dois dígitos até meados de 2025, com possibilidade de queda somente a partir de 2026. Essa perspectiva contrasta com o cenário internacional, onde a inflação está perdendo força e as taxas de juros estão em declínio.


Inflação em Alta e Economia Aquecida

O cenário brasileiro é influenciado por fatores como a alta dos preços e uma economia aquecida. Embora o aumento da atividade econômica e a queda do desemprego sejam boas notícias, esse crescimento também contribui para a elevação da inflação. Economistas apontam que, enquanto outros países enfrentam uma desinflação, o Brasil precisa lidar com pressões inflacionárias, demandando uma política monetária mais rígida.


Gastos Públicos e Pressões sobre a Selic

A alta dos juros no Brasil está diretamente relacionada ao aumento dos gastos públicos, promovidos pelo governo federal. Medidas como a elevação do salário mínimo e a ampliação de programas sociais ajudaram a estimular a economia, mas também geraram um aumento da demanda e, consequentemente, da inflação. Para conter esses efeitos, o BC tem mantido a Selic em níveis elevados.

Segundo o economista Beto Saadia, o impulso fiscal adotado pelo governo tem dificultado os esforços do BC para controlar a inflação, uma vez que, enquanto a autoridade monetária tenta conter a economia com juros altos, o governo injeta recursos que impulsionam a demanda.


Impacto do Dólar e da Crise Energética

Além disso, a recente valorização do dólar, que chegou a R$ 5,70 em agosto, e a crise hídrica no Brasil, que levou ao aumento das tarifas de energia, são outros fatores que pressionam a inflação. Para conter a alta da moeda norte-americana, o BC realizou intervenções no mercado cambial, com leilões de dólares, o que também afeta a política monetária.


Brasil Sai na Frente no Ciclo de Alta dos Juros

O Banco Central brasileiro foi um dos primeiros no mundo a iniciar o ciclo de alta dos juros, em março de 2021, em resposta à crise causada pela pandemia de Covid-19. Enquanto países como os Estados Unidos e os membros da União Europeia começaram a aumentar as taxas apenas em 2022, o Brasil já tinha tomado medidas drásticas para conter a inflação.


Agora, com o cenário global se estabilizando e as economias desenvolvidas iniciando cortes nas taxas de juros, o Brasil segue em uma trajetória oposta. Contudo, analistas acreditam que esse novo ciclo de alta no país pode ser curto, já que a redução dos juros nos EUA deve aliviar a pressão sobre o mercado global.

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