O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, nesta quinta-feira (6), a redução dos custos de empréstimos, um movimento que reconhece o progresso na luta contra a inflação. No entanto, o BCE também ressaltou que a batalha ainda não foi vencida, já que a inflação deve permanecer elevada até o próximo ano.
A inflação nos 20 países que utilizam o euro caiu de mais de 10% no final de 2022 para pouco acima da meta de 2% do BCE nos últimos meses. Essa redução foi impulsionada, principalmente, pela queda nos custos dos combustíveis e pela normalização da oferta após problemas decorrentes da pandemia. No entanto, esse progresso estagnou recentemente, e o que parecia ser o início de um grande ciclo de afrouxamento monetário pelo BCE agora parece mais incerto devido à possibilidade de a inflação na zona do euro se mostrar instável, como tem sido nos Estados Unidos.
Na sua decisão mais recente, o BCE reduziu a taxa de depósito para 3,75%, abaixo do recorde de 4,0%, marcando o primeiro corte desde 2019. Contudo, o BCE também elevou suas previsões de inflação para este ano e o próximo, sublinhando que qualquer redução adicional nos juros dependerá dos dados econômicos recebidos. Além disso, reafirmou a necessidade de manter os custos dos empréstimos elevados o suficiente para controlar os preços.
"Apesar do progresso nos últimos trimestres, as pressões internas dos preços continuam fortes, já que o crescimento dos salários está elevado, e é provável que a inflação permaneça acima da meta até o próximo ano", afirmou o BCE.
Com esta decisão, o BCE se junta aos bancos centrais do Canadá, da Suécia e da Suíça, revertendo algumas das sequências mais acentuadas de aumentos das taxas de juros da história recente. A expectativa é que o Federal Reserve, influenciado por leituras de inflação mais fortes do que o esperado neste ano, também siga essa tendência no segundo semestre.
Recentes dados mais fortes do que o esperado sobre inflação, salários e atividade econômica da zona do euro alimentaram temores de que a "última milha" até a meta do BCE será mais desafiadora – uma preocupação frequentemente expressa pela influente membro do conselho, Isabel Schnabel. A inflação no setor de serviços, que reflete a demanda doméstica, tem sido uma preocupação particular, avançando para 4,1% em maio, de 3,7% no mês anterior.
A maioria dos economistas ainda espera que o BCE continue a reduzir os juros nos próximos meses, levando-os para 2,50% até o final de 2025. No entanto, eles preveem apenas mais duas reduções este ano, em setembro e dezembro. "Novos cortes em setembro e dezembro continuam sendo nosso cenário básico", disse Fabio Balboni, economista do HSBC, em nota. "Porém, se a recente resiliência da inflação de serviços se mantiver, vemos cada vez mais chances de que o BCE tenha que ser mais cauteloso."
Uma recuperação no crescimento econômico também reduziu a urgência para o BCE, minando o argumento de que as taxas altas estão sufocando a atividade econômica. Entretanto, o verdadeiro fator a ser observado é o Federal Reserve. Se o Fed iniciar ou atrasar seu próprio ciclo de afrouxamento, isso poderia enfraquecer o euro e aumentar a inflação importada para o bloco monetário, além de elevar os rendimentos nos mercados de títulos globais, criando um efeito duplo difícil de prever.
A decisão do BCE, portanto, marca um passo importante, mas a luta contra a inflação ainda está longe de ser concluída, com muitas incertezas no horizonte econômico.
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