O estado de Pernambuco enfrenta um cenário preocupante com o aumento do número de devedores e de débitos em atraso, segundo dados do Serviço de Proteção de Crédito (SPC). Em março deste ano, houve um crescimento de 0,91% no número de pessoas endividadas em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, na passagem de fevereiro para março, o aumento foi ainda mais significativo, com um incremento de 1,29% no número de devedores.
O levantamento revela que os grupos mais afetados são os indivíduos entre 30 e 39 anos, representando 22,96% dos não pagadores, sendo que as mulheres compõem 53,65% da lista de devedores em relação aos homens, que representam 46,35%.
Outro ponto alarmante é o aumento dos débitos em atraso, principalmente com bancos, que registrou um aumento de 5,15% em março deste ano em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Este dado superou a média da região Nordeste (4,60%) e também a média nacional (4,91%). O tempo médio de atraso dos devedores negativados em Pernambuco é de 28,5 meses, com 40,67% dos devedores acumulando dívidas entre 1 a 3 anos.
Para o economista Sandro Prado, o aumento do endividamento está ligado à facilidade de acesso ao crédito, especialmente relacionado ao cartão de crédito e ao cheque especial, incentivados pelo estímulo ao consumo. Ele destaca ainda as altas taxas de juros praticadas no país e o spread bancário, fatores que contribuem significativamente para o endividamento excessivo dos consumidores.
O diretor-executivo da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL Recife), Hugo Philippsen, aponta que o aumento dos juros e a baixa renda per capita no estado dificultam a adimplência da população, especialmente diante da inflação dos produtos de primeira necessidade, que impacta mais severamente as classes menos favorecidas.
O economista Daniel Campelo observa que o período entre março e abril é especialmente desafiador devido às despesas sazonais, como as festas de final de ano e as despesas do início do ano, afetando especialmente a faixa etária entre 30 e 39 anos, que engloba a população economicamente ativa.
Diante desse cenário, práticas relacionadas ao planejamento financeiro, educação financeira e uso consciente do crédito são essenciais para evitar o ciclo do endividamento. A negociação das dívidas com os credores também é fundamental para evitar a inadimplência e restabelecer o equilíbrio financeiro dos consumidores.
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